terça-feira, 29 de novembro de 2011

Dá cá um abraço em Penedo

Saí atrás de Natalinha com a câmera na mão fotografando as pessoas que aceitavam abraçá-la como se fosse a coisa mais normal do mundo, fotografar dois estranhos se abraçando. A princípio as pessoas nem me notaram ou se notaram não deixaram de aceitar abraçá-la por conta da minha presença. 



 No entanto, percebi depois de algum tempo que estava "assustando" ou deixando as pessoas "desconfiadas" com Natalhinha, mas tive dificuldades em ser discreta.  Pois quando era discreta não podia fotografar os abraços, e eu queria fotografá-los, rs

Achei tão bonito esse momento.


Esse também foi um momento bem doce e bonito.

Encontro às escuras - acompanhando Jorge Schutze

Ponto de partida

Jorge Schutze saiu andando como se não estivesse vendado, até que a insegurança bateu e ele desacelerou. Sem perceber seu andar deixou de ser em linha reta e acabou levando-o para a lateral esquerda, precisei avisá-lo para que não fosse de encontro com a parede de uma das lojas do Centro. E assim ele virou para a direita e acabou por vagarosamente retornar ao ponto de partida. 

Retorno ao ponto de partida

Avisei para que não fosse para a pista, dizendo que não poderia seguir ou iria encontrar com os carros, ele ficou surpreso e custou a entender como poderia "ir encontrar com os carros". Ao compreender onde estava voltou o seu direcionamento para o calçadão. Ao ouvir o primeiro apito de Jonatha Albuquerque, sua atenção foi despertada e respondeu o apito.

O público ficava olhando, tentando entender, mas não perguntava do que se tratava. Uma moça comentou que não deveria avisá-lo sobre os buracos no calçadão que era "arte" deixar ele descobrir o buraco.

Ao ouvir o segundo apito de Jonatha, Jorge respondeu esperançoso, por sentir o som um pouco mais perto.  Jorge e Jonatha pareciam ter combinado para guardar o terceiro apito para quando estivessem bem mais perto um do outro, pois ao soar este último apito Jorge foi quase certeiro em direção a Jonatha e ao esticar um pouco mais o braço o encontrou.


sábado, 26 de novembro de 2011

Amor#1

Jacintinho - grota - Jorge - Laís - Relação

Amor #1 - Grota, no bairro do Jacintinho

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LENÇOL MANCHADO

Lençol manchado - Centro - Maceió

23/11 - quarta-feira Com Tácia Albuquerque e Laís Lira. Técnico: André Cavalcanti
"Uma gota de sangue num mar de violência"
Essa sensação de vastidão e vazio me inundaram.Duas atrizes dançando com um lençol manchado de vermelho e cercada por olhos curiosos, questionadores. Antes de começar me corroeram os pensamentos...Temores sobre o que fazer, como me relacionar com o público e o que esperar dessas relações. Inicialmente pensei em uma pessoa deitada no chão com o lençol manchado por cima, estável e eu ficaria observando e dialogando com a plateia.Antes, conversamos eu e Laís e resolvemos não ficar só estáticas, mas dançar com o lençol e interagir com a plateia. Quando chegamos houve burburinhos e expectativas. Ao interferir nesse espaço cotidiano estamos sujeitos e temos que lidar com as diferentes pessoas nele existente. O que me consumiram foram os olhares sedentos, esperando que falássemos sobre o óbvio. Por isso, quando me perguntavam algo, respondia com perguntas:
- Sobre o que é isso? - O que você acha?- Por que estão fazendo isso?- Te faz lembrar o que?
Ouvi muitas pessoas dizendo que não sabiam sobre o que falávamos, mas diziam:- É teatro?- É uma loucura!- A menina está ferida?- É sobre deus.- È sobre violência.- Isso é sangue?- É de jesus.- Isso é tinta.- Tá tendo muito assassinato.- Vocês fizeram legal, mas pra mim a mensagem devia ser mais clara.
E por ai seguiram os questionamentos. Sai de lá também insatisfeita, pensando em outras perguntas e outras respostas para tais ações. Tácia Albuquerque

Afogamento


(Tácia e Magnun)² + (Donda e Laís)² + (Joelle e Donda + Magnun e Laís) = 5 apresentações desta intervenção e até hoje, gosto muito de fazer e pouco consigo explicar o que sinto realizando-a.

Afogamento - Ponta Verde

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Lixo na cidade

Todos querem uma cidade mais limpa. Acredito que nem todos.

Porcão - Centro

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Realidade ou agente fictício?

Difícil acreditar que dirigindo um carro verei um par de botas e uma fita branca amarrada. Ou ainda ver um homem em pé sobre um parapeito de um viaduto. O que pensar? Como voltar com carro para ter certeza do que eu vi? Se é que o vi.

Ficção - Poço

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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Caminhando no escuro.


Eu de um lado do centro e ele do outro, ambos vendados. Objetivo: encontrarmos-nos, estando completamente cegos. Foi mais rápido do eu esperei. Estava com tanto medo de esbarrar em alguma coisa, ou em alguém, que andei até muito rápido para quem não está acostumado a não enxergar. Mais uma dificuldade, apesar de estarmos com apitos para nos localizar, só podia usar o apito três vezes. Nas minhas duas primeiras tentativas de localização, as respostas do Jorge mais me confundiram do que ajudaram e por sorte no meu terceiro apito Jorge já estava praticamente do meu lado. Ufa!


Quando é que alguém começa a fazer parte apenas do imaginário?

Um ser, físico, real, palpável, que faz parte da história da cidade e que faz parte da minha história, simplesmente sumiu, e por conta disso foi esquecido? A intervenção realizada por Flávio Rabelo nesta quinta-feira dia 24 de novembro, mostrou que Cururipe, o senhor que ficava sentado à frente da Cathedral Metropolitana de Maceió ainda não caiu no esquecimento, pelo menos não por completo.






* Fotos de Patrik Vezali

Dança em movimento.


Como cansa. Dançar dentro de um ônibus em movimento num percurso aproximado de uma 1 hora é exaustivo e delicioso. Uma sensação única de ter uma base, um solo, que proporciona um balanço e uma alteração constante no equilíbrio provocando uma movimentação não prevista abre um leque de possibilidades de novos gestos em tempos, ritmos, fluências, dinâmicas completamente novas. Uma experiência muito intensa não só pela exploração corporal, mas também, pelo próprio local, com pessoas subindo e descendo durante todo o tempo e percurso.



Nós queríamos vender, mas ninguém queria comprar.

Mais uma vez estive lá, em uma das margens do Riacho Salgadinho, desta vez, acompanhado por Joelle Malta, ficamos 1 hora oferecendo o riacho a todos que passavam, mas nem de graça aceitavam. Oferecemos homens, mulheres, jovens, policiais... Mas é muito difícil vender um esgoto, que outrora fora um rio. É uma ação descontraída, divertida e por vezes questionadora, mas começo a pensar que devemos ir além. Quero lavar a porta da prefeitura e da Câmara de Vereadores com as águas sujas do nosso riacho, deixando um Salgadinho lembrete de sua existência.

Quanto tempo temos para ouvir/ ver o outro?


Sentados na Praça Deodoro três bailarinos sentados em seus bancos, segurando uma placa que dizia: “Você tem um tempo para ouvir minha história?” aguardavam alguém que se dispusesse a sentar e ouvir. E quando sentavam escutavam e para a surpresa também viam aquele interventor dançando a sua frente, exclusivamente para ele.


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Entre

"Despacho", com Jorge Schutze, na Feira do Jacintinho

 Tem alguma coisa em "Despacho" que me encanta. A simplicidade, talvez. Melhor a honestidade. Jorge chega, dança, conversa, pede pra dançar, não nega respostas, se abre para o diálogo, dança mais um pouco, faz os outros dançarem também... Sem fingimento, sem forçação de barra, sem cena ensaiada ou texto decorado.
Primeiro o estranhamento, a dúvida, o medo até, depois aos poucos, a curiosidade, a proximidade, o bate papo, a graça, mais dança e quando menos percebemos, ele já rodou todo o quarteirão dançando e conversando com as pessoas. E o local em questão, a Feirinha do Jacintinho, com todas suas cores, cheiros, luzes e sombras também revelou-se um excelente interlocutor.
Despacho ocupa o espaço sem pressa nem pretensão. Vai se espalhando e se contraindo conforme as pessoas e o espaço permitem. Despacho dança no "entre" - Thiago Sampaio (24/11/2011).

Idem

Fazendo para ser mais... Livre!


"Despacho", com Jorge Schutze (Feira do Jacintinho, 22/11/11)

Sempre que me proponho a realizar DESPACHO novamente depois de três anos com essa ação, me pergunto: PORQUE QUERO FAZER ISSO DE NOVO? como se nada de novo pudesse vir daí mais.

DEPOIS de realizar essa ação num dos meus lugares mais desafiadores até então: A FEIRINHA DO JACINTINHO, fico sempre com a impressão de que fiz pouco. Poderia ter feito mais, encontrado mais pessoas, ter mais fôlego, responder a todas as demandas de todas as questões que se levantam: preconceitos, moralismos, impaciências, sorrisos,
acolhimentos, etc.

Enfim ter mais espírito para me afinar com os meus projetos e os desafios que deles decorrem... SER MAIS!

Cada vez que faço essa coisa eu tenho mais medo de nunca poder acabar com ela.

Eu sonho com um eu mesmo mais livre, mais ousado e realizar essa ação me desafia a isso.

Ter o amparo dos chapeleiros é muito bom nessa hora, dá uma segurança, um valor para aquele estar ali fazendo aquilo.

Poder trocar com outros artistas as impressões e diálogos que a ação provoca é muito importante também. Esse amparo que a presença do Thiago, Nathalinha e Bunito suscitaram favorece essas trocas tão importantes pra quem tá sempre (a anos) começando como eu.

Obrigado!
Vida longa aos Chapeleiros.
Vida longa à JORNADA!!

Jorge Schutze (23/11/2011)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Caminho Suspenso


Acredito que esta foi a intervenção até agora que mais reuniu chapeleiros, ao todo seis comigo que estava como sempre fotografando. E é uma intervenção que depende da quantidade de componentes para ter uma execução interessante. 
Não foram combinados posições em que Laís se apoiaria para fazer o trajeto. Oferecer as costas, a perna ou o braço para ela se apoiar era determinado pela percepção de cada um. Quase
 não houve conversa durante a intervenção, poucas palavras, todos concentrados no objetivo de não deixar Laís pisar no chão. 
Não ouvi nenhum comentário do público, nem vi ninguém se aproximar para perguntar o que era aquilo ou porque estávamos fazendo isso, mas os olhares estavam atentos, dos que passavam a pé ou de ônibus e dos que estavam parados no ponto de ônibus.






Quem quer comprar?!


Relatório da intervenção "Vende-se este Rio"

Chegamos Por volta das 16h. A ação era muito simples: vender o riacho Salgadinho!
Portando uma placa com os dizeres: vende-se este rio, juntamente com Jonatha Albuquerque que carregava saquinhos cheios de água “tratada do riacho”, ficamos dispostos à beira do que fora chamado por uma mulher (notadamente não alagoana, mas que reside aqui) “a parte feia da cidade de Maceió”.
Pra mim, esta intervenção é um chamamento para que o povo desperte! Anos a fio, desde que me entendo por gente, e até antes disso, o riacho é poluído e deságua sua sujeira na Praia da Avenida. Nada se faz!
Muitas coisas óbvias foram ditas, houve quem balançou a cabeça reprovando a ação, mas de certa forma senti que as pessoas querem ver a coisa modificada, mas não se movem!
Quando perguntados sobre o preço, Donda respondia: “Custa o mesmo valor que um foco de doença!” Um senhor chegou a nos cobrar a escritura do rio e alegou que não poderíamos vender o Salgadinho ou então iríamos presos.

Uma hora depois, viemos embora! Saí com vontade de que muito mais gente precisava ver a ação e intervir junto com a gente.


Por Joelle Malta

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Vende-se esse Rio



Anúncio: O Riacho Salgadinho está à venda?! Caso isso fosse noticiado no jornal, imagino que as reações despertadas seriam as mais diversas, a linha que compartilho é de que ele deve continuar público, mas não deve continuar sendo degradado por isso.
Jonatha e Joelle interagiram com motoristas e transeuntes que comentaram apoiando a necessidade de uma solução para a poluição e diante do incomodo causado pelo descaso com o Riacho. Muitos ficavam curiosos por saber qual seria o preço para adquirir o Riacho. A resposta foi "o preço de um foco de doença".

Barcos / Boats

Foto por Saulo11


Barcos / Boats – Ação Artística Contextual

Descrição por Vitor Salessi

Cada barco é uma amostra de espaço. Uma célula. Um selo de atenção sobre sua própria constituição e contexto no qual se situa.
A partir dos desenhos/delimitações de espaço, feitas com cacos de tijolos, o autor intensifica sua intimidade com a cidade, refletindo o processo de apropriação natural, gestão  transitória de corpos e convívio urbano.
O trabalho teve início na Praça Mal Deodoro, seguindo pela Av. Silvestre Péricles, se instalou no meio do cruzamento desta última com a Rua Fernandes de Barros e terminou nos trilhos do Terminal da Praça do Pirulito, próximo a Feira do Rato.
A tradução e ao mesmo tempo parte do título em inglês, boats, é em correspondência a uma amiga australiana, cuja presença física possibilitou reflexões e diálogos sobre esta  específica ação artística contextual em outro idioma que não o do local.

Será que não é injusto dizer que ela não dançou?!

"Dançando com Árvores" - Av. Fernandes Lima
 
Eu fui realizar essa intervenção com Donda, Joelle e Larissa cheio de pequenos medos. Não sei explicar. A Av. Fernandes Lima, o trânsito, os policiais que estão sempre por lá, isso foi nutrindo em mim a sensação de estar fazendo algo errado, inapropriado. Tudo isso antes de começar. Porque na hora, abstrai, me dediquei às possibilidades de movimento e de interação com aquela árvore solitária. Ainda um pouco tenso, é verdade, mas inteiro no que estava fazendo.
Uma das primeiras coisas que me ocorreu foi a ideia de um nome falho para a intervenção, "Árvores Dançantes", já prontamente corrigida pela Larissa Lisboa. Ora, não que eu não considere uma dança o balanço dos galhos e das folhas das árvores causado pelo vento; porém como se trata de uma relação que parte de uma pessoa, quem está dançando no fim das contas não é a árvore. Controverso pensamento, há de aparecer alguém para dizer que a árvore dançou também naquele momento, afinal, não fosse ela daquele jeito, os movimentos seriam outros! A relação seria outra! Bom, para todos os efeitos, concordo em chamá-la de "Dançando com Árvores". Me parece hoje mais adequado.
Quanto ao temor em realizá-la, pude expor essa sensação durante a conversação que aconteceu também ontem, mas à noite. Aliás, hoje (22/11/2011, às 19h30), também tem conversação e quem quiser aparecer, basta se dirigir à Rua Mizael Domingues, 72, Centro, em frente à portaria do IFAL (antiga Escola Técnica de Alagoas). O tema de hoje é "Ei, você não pode fazer isso aí! - Transitando entre Público e Privado"
Enfim, estava pensando sobre esses receios que às vezes sinto quando intento uma intervenção. E no fim, depois da dança, me dou conta que o impacto daquela ação naquele determinado espaço e na presença daquelas determinadas pessoas nem de longe constrange, perturba ou agride quem quer que seja. Claro que a intenção não é nenhuma dessas, mas quando me ponho a pensar o espaço onde agirei, os possíveis movimentos a realizar e cogito a diversas possibilidades de interação procurando prever/planejar minha reação diante delas, não penso nunca em alguém que chegará perto para apoiar ou até dançar junto. O ato de dançar com uma árvore num espaço não pensado para esse fim - se é que existe um lugar criado para se dançar com árvores - vem impregnado de estratégias para riscos de possíveis interações.
Quando se intervem concentrado nesses riscos possíveis, a meu ver, a intervenção sofre em qualidade, porque desvia a atenção do interventor/performer para o que não é essencial no trabalho. E quando o essencial no trabalho - como é o caso dessa intervenção - é simplesmente dançar com uma árvore, essa dança se fragmenta, se enfraquece, não se dá de maneira plena.
Saí de lá com a sensação de que ninguém me viu dançar. Não que eu quisesse ser visto por si só, mas percebi que tudo foi tão discreto, sutil e delicado - como não ser delicado com uma árvore? - inclusive porque nem se pretendia ser diferente disso; que a ação, não posso prever, não reverberou nas pessoas que assistiram-na. Também não esperava uma salva de palmas, não é isso, o que quero dizer é que no final das contas, muitas vezes essa ideia de alterar a ordem do cotidiano, subverter regras, resignificar espaços, é justamente isso: muitas vezes apenas uma ideia.
A relação com a árvore foi inesquecível. Me senti acolhido, acariciado por ela - será que não é injusto dizer que ela não dançou? - mas e quem estava passando, como se sentiu? O que pensou? Alguém gritou: "É um sagui?!". A força de uma intervenção dessa natureza frente a quem para e assiste, a quem passa e reduz o passo, a quem ignora, sempre despertará minha curiosidade. - Thiago Sampaio.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Dançando com árvores

Cada um com a sua árvore



Joele foi tão delicada em sua dança que parecia parte da árvore. Donda explorou movimentos mais ligeiros e ritmados. Thiago explorou toda a extensão de sua árvore (do chão e do alto).