Por: Donda Albuquerque - Maceió, 05 de Novembro de 2008
Lendo o relatório do Thiago sobre a intervenção “Afogamento”, realizada no dia 01 de novembro, onde ele questiona o espaço quanto componente fundamental para intervenção, o espaço. Este questionamento causou-me uma reflexão nas intervenções que serão realizadas no decorrer deste mês. Já estava marcada a repetição do “Afogamento”, que seria no dia 05 de novembro às 21 horas no ponto de ônibus do Shopping Iguatemi – logo fiquei pensando que esse horário, nesse local a intervenção se tornaria muito confusa por dois motivos: primeiro que este ponto de ônibus é muito estreito e sempre muito lotado de gente; segundo que é muito mal iluminado, talvez não tivéssemos tanta visibilidade.
Mantivemos o horário e a data da intervenção, mas sugeri um outro local, o ponto de ônibus, que fica em frente ao SESC – Poço, a Laís concordou, mas tínhamos um outro problema, não tinha ninguém disponível para ficar de apoio e registrar a intervenção. Então me ocorreu que a Elizandra Lucca mora ali perto e tinha câmera para fazer o registro, convidei-a e ela aceitou ainda nos aproveitamos mais dela e pedimos um balde e água da casa dela, já que nem Laís e nem eu tínhamos trazido o balde.
Pois bem, começamos a intervenção do mesmo modo da outra, nos alongando. Depois de um tempo comecei a dar voltas em torno do balde e sempre fazia pausas do lado da Laís, que permanecia imóvel. No momento em que ela começou a se mover, parei do lado dela e ela encostou a cabeça em mim, pegue-la pela cintura, coloquei-a de ponta cabeça e desci sua cabeça no balde com água. A relação da primeira intervenção para segunda mudava radicalmente ali, essa minha ação direta fez com que a Laís assumisse uma postura única de oprimida e eu opressor. Foram mais quatro afogamentos dela depois do primeiro. Ela me afogou apenas uma vez e com muita delicadeza e sutileza.
Percebi nesta segunda vez, que a intervenção ganhou muito com o novo espaço. As pessoas interagiam diretamente conosco. Umas das coisas que eu ouvi e que me foi impactante foi uma mulher que estava revoltada comigo por estar maltratando a Laís. Interessante que La não a conhecia, mas isso não impediu de sentir-se mal com o que via. Houve também um rapaz, que respondendo a pergunta de uma moça acerca do que era aquilo que eles viam, disse “é Alice no país das maravilhas”, na hora eu fiquei em dúvida se ele já havia nos visto com este espetáculo no teatro, ou era apenas uma coincidência.
*Fotos de Elizandra Lucca
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