Por Thiago Sampaio
A intervenção ocorreu de forma tranqüila, sem nenhum empecilho. Jonatha e Laís chegaram na hora marcada e iniciaram a ação assim que conseguimos a água para encher o balde. Após um breve alongamento, os dois começaram a improvisar ao redor do balde, exercitando um pouco de contato improvisação e outros movimentos isolados. Surgiram imagens muito bonitas que eu tentei registrar apesar da luz do local não ajudar muito. Também filmei para garantir o desenho de alguns movimentos que uma fotografia nem sempre registra.
Próximo ao local da intervenção havia um bar com um número considerável de pessoas bebendo e ouvindo música num volume alto, mas ainda assim, a ação chamou a atenção de algumas dessas pessoas, que se mantiveram à distância, mas não deixaram de acompanhar e até de gritar coisas que não compreendi.
Também contamos com a presença de algumas crianças e de algumas senhoras, residentes no bairro que resolveram se aproximar e assistir mais de perto. As crianças ficaram muito curiosas e interessadas e ao me perguntarem do que se tratava eu respondi: “É o que você quiser!”. Nem sei por que disse isso, mas acreditei ser a melhor resposta para algo que provavelmente uma tentativa de responder cartesianamente só reduziria o valor do que estava acontecendo ali.
A intervenção também chamou a atenção de duas garotas que se aproximaram e passaram a fotografar a ação. Perguntaram, depois de encerrarmos, quem éramos, se éramos de Maceió mesmo, se tínhamos site ou algo do tipo, demonstrando bastante interesse.
Porém a participação mais especial da noite foi a da mãe da Laís que assistiu a tudo atentamente e depois fez algumas colocações bem pertinentes, quanto à qualidade de movimento da dupla, do envolvimento dos passantes e até sobre o conceito de intervenção e a relação com o espaço e com quem assiste.
Quando eu cheguei na praça, uns 10min antes do Jonatha e da Laís, enquanto os esperava, fiquei observando o espaço, as pessoas que estavam próximas, o trânsito, a iluminação e os demais elementos que compunham aquela praça e seu redor. Me fiz algumas perguntas: porque aquela intervenção naquela praça? Por que aquela praça? O que estamos discutindo naquele espaço? O que estamos discutindo com aquela ação?
Então me veio esse estalo de que tão importante quanto a ação que será realizada, talvez mais (?), é o espaço escolhido. Gostaria de compartilhar essa questão, propondo uma ação simples para nós interventores, especialmente durante nossa jornada: observar nossa cidade, todos os cantos e recantos por onde passamos e até por onde evitamos passar, é bem provável que esses espaços já saibam que intervenções “precisam” sofrer! A minha proposta é que a gente também caminhe nesse sentido, escolha as intervenções depois de decidir o espaço. E para isso é preciso ficar atento, ouvir as necessidades desses espaços.
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